terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pedofilia na Internet

Segundo cálculo feito pelos responsáveis pelo site Censura revela um retrato devastador da pedofilia na internet. No espaço de 8 anos foram recebidas denúncias de 6.200 páginas na internet contendo pornografia envolvendo crianças e adolescentes. Cada uma apresentava cerca de 900 fotos e 300 vídeos inéditos dessa natureza. Segundo as contas da ONG, chega-se a 7 milhões de meninas e meninos vitimados. Somente em 2006, que ainda não chegou à sua metade, o site Censura recebeu 1.900 denúncias, uma média de 16 denúncias por dia. Devo destacar que 80% das notificações se referem às comunidades no Orkut, a rede relacionamentos que tem 96% de brasileiros como seus usuários. Nada como um choque de ética e de valores humanos para banir da sociedade o cada vez mais presente crime da pedofilia. Acompanhamos ações das polícias, das organizações não-governamentais que tratam dos direitos das crianças e dos adolescentes, mas existe um descompasso entre o crescimento da pedofilia virtual e a sua repressão. Sem dúvida, se tornam necessárias leis ainda mais rigorosas para punir os pedófilos e também mecanismos mais eficientes junto aos sites de buscas com o Google e as comunidades como o Orkut vetando a disponibilização de sites criminosos em geral. E não apenas os dos pedófilos, mas também daqueles que acirram os preconceitos raciais, étnicos, religiosos.
Washington Araújo *
Jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela UNB, tem livros sobre mídia, direitos humanos e ética publicados no Brasil, Argentina, Espanha, México.
Fonte:
http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=22682

domingo, 21 de novembro de 2010

MAIS UM ADOLESCENTE MORTO NO CEIP DOM BOSCO!

ATÉ QUANDO MORTE DE ADOLESCENTE SERVIRÁ SOMENTE PARA ESTATÍSTICA?!

Na madrugada do dia 16 de outubro de 2010, mais um adolescente foi morto no Centro de Internação Provisória Dom Bosco (CEIP Dom Bosco). Fico me perguntando até quando a situação de desrespeito aos direitos do adolescente continuará acontecendo descaradamente nessa Unidade de Atendimento Socioeducativo sem que ninguém possa fazer cessar essa situação de desrespeito.
Quantos manifestos já foram feitos, reportagens, ação civil pública... E nada acontece!
As pessoas que lá trabalham ficam de “mãos atadas” sem nada poder fazer efetivamente para mudar a situação, pois não dependem delas. Aliás, ao que lhes cabe, já fazem e muito.
Nós, Agentes de Segurança Socioeducativo, os técnicos, direção, supervisão, e equipe de enfermagem nos desdobramos para tentar amenizar o problema, tendo que “fazer mágica”, nos virar, não “nos trinta”, mas com a média dos 140 (cento e quarenta adolescentes) para conseguir dar o mínimo de atendimento socioeducativo possível sem ter nenhuma estrutura adequada para isso.
Ver um adolescente morto não é nada agradável, e quem está na linha de frente sabe disso. E o pior de tudo é que simplesmente parece ser mais um que se foi... Em uma fala de um adolescente no CEIP, ele expressa: “... é, agora é menos um na minha frente na lista de espera para internação, estou na posição 40, que beleza! ” .
E tem mais, desculpem por eu parecer sarcástico, pois o que faço não é piada, nem desmerecimento a ninguém. Só quero um dia ser ouvido!
A morte de um adolescente é mais um grito que ecoa. Mas nem sei se ecoa, pois se ecoasse alguém já teria feito alguma coisa. Não é o primeiro adolescente que morre por negligência, e todo mundo sabe de quem!
São tantas mortes que já perdi a conta, aliás, ninguém faz conta... Quando digo que me dá vontade de chorar, dizem que sou “bobo”. Se falo que estou indignado, me perguntam para quê?! E ainda com desdém dizem que nada há de se fazer.
Ainda dizem que manifestos expõem a Unidade. Gostaria aqui, de manifestar um sentimento de satisfação, de contentamento pelo bom andamento do trabalho socioeducativo. Mas apesar do esforço da comunidade educativa do Dom Bosco, não é isso o que vejo, nem o que sinto.
Como já disse anteriormente, sei da heroicidade da comunidade socioeducativa que “no meio do palheiro” encontra “agulhinhas” para sustentar o CEIP Dom Bosco e a calamidade não ser maior.
O que é preciso fazer?! Isso não precisa dizer, seria como se fosse ensinar padre a “rezar missa”.
Muitas vezes repetimos a frase: difícil é saber o que está no Padrão no Dom Bosco.
Mas vou dar aqui algumas dicas do que está fora do padrão no CEIP Dom Bosco e que precisa ser mudado.
- alojamentos superlotados;
- as atividades socioeducativas ficam prejudicadas devido à superlotação e com isso os adolescentes passam maior parte do tempo “presos” nos alojamentos;
- os adolescentes não possuem defesa técnica conforme previsto legalmente, o que deixa ampla margem para violações diversas dos seus direitos;
-a estrutura física da Unidade é inadequada para a quantidade de adolescentes;
- não há divisão por compleição física e ato infracional;
- adolescentes com medida de semiliberdade em regime de internação por não haver vagas nas casas de semiliberdade;
-lista de até 45 adolescentes à espera de vagas nas Unidades de internação;
- horário de silêncio na unidade a partir de meia noite, de segunda a sexta-feira, horário em que se apagam as luzes da unidade;
-alimentação noturna servida nos alojamentos onde se alimentam sem sequer uma colher;
-não tem lixeira nos alojamentos e por isso os adolescentes jogam lixo no chão, no corredor dos núcleos e janelas;
- Iluminação precária, alojamentos que apagam as luzes juntas,
- falta de gerador de energia, quando falta energia o caos da unidade se agrava;
- os banheiros dos alojamentos não têm iluminação;
- só existem duas lanternas funcionando;
-fiação elétrica exposta, lâmpadas de fácil acesso aos adolescentes e que se tornam armas;
-quando chove o sistema não tem estrutura para serem realizadas as atividades,
-não há enfermeiros no plantão da noite;
-quando fazemos requerimentos para a SUASE não temos resposta;
- negam nossos direitos estabelecidos em lei e não se justifica o motivo;
- O Agente que trabalha na função de coordenador de equipe não tem remuneração a mais pelo cargo, apesar de ter mais responsabilidades e exercer cargo de gerência;
-Dentre outras precariedades que aqui não podem ser explicitadas, porque realmente deixariam em exposição à Segurança da Unidade.
Fato é que não poderia deixar de me manifestar frente a mais uma das tantas e tantas situações de desrespeito aos direitos dos adolescentes internados no CEIP Dom Bosco.
Como diz o velho provérbio, quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
E que a carapuça recaia sobre aqueles que têm não só o dever, mas a obrigação de fazer alguma coisa.
Assinado,
Um Agente Socioeducativo “INVISÍVEL”!
Invisível como a situação de calamidade do CEIP Dom Bosco.
Notícia extraída de:
http://www.blogdonilmario.com.br/conteudo.php?MENU=5&LISTA=detalhe&ID=1654

CEIP Dom Bosco, a unidade de ressocialização de adolescentes infratores em Santa Tereza, BH. André Quintão, Carlin Moura e João Leite foram os deputados presentes.
O CEIP foi feito para abrigar no máximo 80 adolescentes, e tem hoje 140 – já é um erro que traz conseqüências. A morte do menino foi no dia 16 de outubro.