segunda-feira, 29 de março de 2010

Adolescência, DST e AIDS


De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)*) de 2005, a população absoluta do Brasil é de 184.388.620 habitantes, sendo 24.461.666 constituído por adolescentes de idade entre 12 e 18 anos. Segundo o documento entitulado “Propostas de Políticas Publicas Para Adolescentes de Baixa Escolaridade e Baixa Renda. Adolescência: Escolaridade Profissionalização e Renda, elaborada pelo grupo técnico para elaboração de propostas para políticas para adolescentes, em dezembro de 2002, 8 milhões de adolescentes possuem níveis de escolaridade e renda que limitam suas condições de desenvolvimento e comprometem a construção de seus projetos. Além disso, são 5,5 milhões de famílias com crianças e adolescentes de até 14 anos de idade, cuja renda é inferior a ½ salário mínimo per capita (IBGE/PNAD, 1999). O documento ainda destaca que 79.392 jovens de 12 a 17 anos são responsáveis por seus domicílios, e 13% das mulheres de 15 a 19 anos têm pelo menos 1 filho.
Com relação a saúde e a sexualidade, segundo estudo da Unicef (2002), dos adolescentes brasileiros com faixa etária entre 12 e 17 anos, 32,8% já haviam tido relações sexuais. Destes, 61% eram homens e 39% mulheres. Segundo o IBGE (2000), 9,5% de adolescentes entre 15 e 19 anos (82% mulheres e 18% homens) vivenciam algum tipo de união, com vida sexual. Entre os jovens de 20 a 24 anos, 36,5% vivenciam também uniões conjugais, sendo o maior percentual entre mulheres (62%).
De acordo com Martins (2006), a adolescência é a faixa de idade que apresenta a maior incidência de doenças sexualmente transmissíveis (DST). Aproximadamente, 25% de todas as DST são diagnosticados em jovens com menos de 25 anos. Os dados disponíveis em âmbito mundial revelam que mais de 30% das adolescentes sexualmente ativas apresentaram infecção por clamídia (Chlamydia), e que aproximadamente 40% foram infectadas pelo papilomavírus humano. A infecção pelo vírus do herpes genital aumentou em mais de 50%. Além desses dados, a pesquisa verificou que os índices de infecção por gonorréia nos intervalos entre 15 e 19 anos são os maiores comparados com outras faixas etárias. Também foi identificado que mais de 25% dos novos casos de infecção pelo vírus HIV ocorrem entre jovens com menos de 22 anos. Para os autores, as DST representam um sério impacto na saúde reprodutiva das adolescentes, porque podem causar esterilidade, doença inflamatória pélvica, câncer de colo uterino, gravidez ectópica, infecções puerperais e recém-nascidos com baixo peso, além de interferir negativamente sobre a auto-estima. As pesquisas sobre DST merecem especial atenção para este segmento, visto ser também considerada um fator de risco para a contaminação pelo vírus HIV. (Martins, 2006).
A epidemia de aids tem crescido entre adolescentes e jovens. A prevalência de aids entre adolescentes de 15 a 19 anos passou de 0,6% até 1990 para 2,0% de 1991 a 2000, e de 2,4% para 10,5% entre jovens de 10 a 24anos, no mesmo período. O perfil epidemiológico da epidemia tem apontado desde o final dos anos 90 para o crescimento da infecção entre mulheres e,em particular, entre mulheres e homens das classes populares, como também seu crescimento em outras regiões do País, como o Nordeste (INSTITUTO PATRÍCIA GALVÃO; FUNDO DE DESENVOLVIMENTO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A MULHER, 2003).
Em 2003 (Coordenação Nacional de DST/AIDS), foram diagnosticados um total de 9.762 novos casos de aids. Destes novos casos, 457 (7,2%) foram registrados entre jovens homens de 13 a 24 anos de idade, enquanto 388 (11,3%), entre jovens mulheres na mesma faixa etária. Este dado indica a maior prevalência de infecções por HIV/aids entre adolescentes e jovens do sexo feminino, numa tendência epidemiológica que aponta e “feminização” da epidemia e indica maior vulnerabilidade deste grupo etário à infecção.
De acordo com Taquette (2003), dentre os fatores responsáveis pelo aumento do quantitativo de doenças sexualmente transmissíveis entre adolescentes encontra-se a diminuição da idade de início das relações sexuais, o aumento do número de parceiros
e a ausência do uso de preservativo. Chequer (1998), ao estudar o perfil epidemiológico dos pacientes com AIDs detectou uma tendência a juvenilização.
Além destes fatores identificados por Taquette, podemos destacar a desigualdade social como um problema que agrava a situação dos adolescentes infectados com DST/AIDS. O acesso aos centros de tratamento, aos remédios, o baixo nível de instrução, a necessidade de colaborar financeiramente com a sua família tornam a situação ainda mais grave.